quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um robô humanizado entre bonecos

O projeto Sesi Bonecos do Mundo, que se apresentou no Recife durante a última semana no Teatro Santa Isabel e Marco Zero, trouxe um convidado especial nascido da união entre tecnologia e criatividade. O nome dele é Dirk, o Vagabundo Mecânico, o primeiro robô a participar de festivais de Teatro de Bonecos, provando que arte, ciência e inventividade podem, e devem, andar lado a lado.
Dirk é uma criação do engenheiro e inventor Fred Abels, em parceria com sua esposa, Mirjam Langemeijer, bonequeira e uma das fundadoras da Compagnie de Draak, da Alemanha. Para criar o boneco-robô, Fred buscou inspiração nas marionetes, mas resolveu usar seus conhecimentos técnicos em mecânica e eletrônica em sua confecção. Além disso, ele ainda tentou mostrar o contraste entre a modernização e a simplicidade escolhendo a caracterização de mendigo para Dirk. “Quis fazer um personagem livre, romântico. Os robôs normalmente são figuras artificiais, não demonstram humanidade. Com Dirk, tentei buscar o contrário”, explica Abels.
Quase que inteiramente construído de material reciclado, entre metal, madeira, plástico e componentes eletro-eletrônicos, Dirk custou cerca de 500 euros para ser feito. Mas o personagem não nasceu na primeira tentativa. “Construí três ou quatro robôs até chegar ao que ele é hoje e funcionar da forma que eu queria”, comenta Abels. Um dos grandes desafios apontados por ele foi fazer o robô conseguir caminhar de forma natural. “Ele tinha que ter um apoio como ponto de equilíbrio. Acabei pensando no carrinho de supermercado e a idéia foi ganhando forma”.
Dirk caminha com a ajuda de um motor e se movimenta de forma bastante natural entre pedir esmolas, olhar fixamente para o público, responder sim ou não balançando sua cabeça e tocar seu realejo quando consegue algum trocado. Inclusive, Abels diz que não é incomum Dirk voltar com um saco cheio de moedas depois das apresentações. “Normalmente as pessoas rejeitam os mendigos e tentam evitá-los. Com Dirk, na hora que notam que é um boneco, elas se aproximam e até dão dinheiro para ele. É um contraste”, avalia o criador do boneco.