quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Tecnologia vira arte em exposição de SP

Cinco televisões conectadas entre si e ligadas a um canal de TV aberta, uma webcam e um microfone em frente à instalação. O visitante produz um som próximo ao microfone e provoca uma distorção proporcional à intensidade do barulho nas imagens cotidianas dos brasileiros. Simultaneamente, as distorções causam mudança de cores nas telas - amarelo, laranja, vermelho, azul - nas tonalidades do crepúsculo e depois o visitante é surpreendido com a própria imagem nas telas. À medida que ele pára de interagir produzindo som, a imagem volta a ser a da TV aberta.
Assim funciona o “Crepúsculo dos Ídolos”, trabalho do engenheiro de sistemas pernambucano Jarbas Jacome, em exposição no Festival Internacional de Linguagem Eletrônica - Dois Mil e Oito Milhões de Pixels (FILE 2008), em cartaz até 31 de agosto, na Galeria de Arte do Sesi, em São Paulo. A instalação é inspirada na obra do alemão Friedrich Nietzsche, escrita em 1888.
“É uma nova sensação que se tem em um aparelho que faz parte do dia-a-dia. Como a pessoa pode interagir, mudar a imagem, ela não é mais passiva e passa a aparecer na tela”, interpreta Jacome, que explica sua inspiração no filósofo. “Na obra, Nietzsche desconstrói a verdade absoluta em torno dos ídolos, diz que eles são efêmeros. Então eu brinco com essa realidade que a gente vive hoje, onde você pode se transformar num ídolo a qualquer momento. É um questionamento”.
Segundo o artista hi-tech, é a primeira vez que a instalação é exibida. Para mostrar no Recife, ele espera convites: “Não é tão caro, o principal é ter um ponto de TV com qualidade”, avisa. Em São Paulo, a instalação tem causado reações diversas nas pessoas. “Fiquei surpreso porque alguns disseram ter sentido medo. Outros acharam engraçado ou gritaram para desaparecer a imagem”, se diverte. Mas, por trás das sensações experimentadas pelos visitantes existe o software ViMus, que começou a ser desenvolvido por Jarbas, em 2005, no Centro de Informática (CIn), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde ele cursou Ciência da Computação.
Inscrito na linguagem de programação C++ e com base no conjunto de funções gráficas OpenGL, o ViMus foi financiado desde o mestrado de Jarbas pelo Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), dentro do projeto Garage, criado para incentivar idéias inovadoras. “O software trabalha com processamento audiovisual e tem várias aplicações comerciais, como instalações interativas em estandes e vitrines”, garante, embora acrescente que entre os projetos em andamento não há nenum estabelecido.

Serviço
www.file.org.br
http://crepusculodosidolosbr.wordpress.com