
"A forte concentração da demanda no Sudeste era esperada", afirmou Sergio Sgobbi, diretor-executivo da Brasscom. "O porcentual pequeno do Nordeste foi uma surpresa, pois existe uma população grande na região." O estudo mostrou que o Sudeste responde por 70% da demanda, sendo 47% somente na Grande São Paulo. O Nordeste ficou com somente 2% das vagas. A Brasscom identificou somente 40 vagas na Região Norte, o que corresponde a menos de 1%.
O levantamento mostrou que 20 cidades concentram a indústria brasileira de tecnologia da informação. O Brasil não forma trabalhadores suficientes para o setor - em 2006, foram 16.795 formandos em Ciência da Computação - e os centros de formação não correspondem às cidades onde existem vagas. "
A Cyberlynxx é uma empresa sediada no Rio de Janeiro, que não faz parte da Brasscom. Ela tem 150 funcionários e planeja fechar este ano com mais de 200 pessoas. "A grande dificuldade hoje é encontrar desenvolvedores para trabalhar com exportação de software", disse Marcelo Astrachan, presidente da Cyberlynxx. "Os profissionais brasileiros são verdadeiros deuses em SAP (software de gestão empresarial), mas falam muito mal inglês. E não sabem disso, porque disse que sabem falar."
Astrachan afirmou que, se fechasse um projeto muito grande de exportação, seria mais fácil ensinar programação para pessoas fluentes em inglês do que reforçar o domínio da língua estrangeira por desenvolvedores de software. "Eu teria que buscar pessoas nas escolas de inglês", afirmou o executivo.
A Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) iniciou um programa-piloto para formação de mão-de-obra, em que está aplicando R$ 1,4 milhão em 11 cidades. "Os treinamentos terão 1,5 mil vagas, com cursos que vão de 20 horas até mais de 200 horas de duração", explicou John Forman, diretor de Capacitação e Inovação da Softex. Os parceiros regionais da Softex vão aplicar mais R$ 2 milhões no projeto. Os cursos vão de linguagens de programação como Java, .Net e Cobol, até treinamentos em qualidade e melhoria do processo de desenvolvimento.
A Impacta, especializada em cursos de tecnologia, resolveu criar um curso de fábrica de software, que simula o ambiente de trabalho de uma empresa, para que eles participem do ciclo completo de desenvolvimento de um produto. "Quem sai da faculdade não sabe como é fazer um software completo", disse Célio Antunes, presidente da Impacta.